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Liderança feminina: uma grande potência no mercado

Yasmim RestumYasmim Restum - 11 de Março de 2022.

Por centenas de anos, muitas atividades e papeis foram considerados femininos ou masculinos. Até hoje, características biológicas são levadas em consideração na hora de determinar responsabilidades e muitos pensamentos socialmente instituídos são temas combatidos por mulheres que buscam espaço no mercado de trabalho.

A dissolução de discriminações de gênero e reivindicações por equidade de gênero se tornaram alvo de contestações femininas. Ainda mais diante de voos altos conquistados por elas - considerados ousados por muitos, mas que, no mínimo, são direitos fundamentais.

Em comemoração ao Mês da Mulher, este artigo de blog convida todos à reflexão e traz dados que mostram o potencial de mulheres em cargos de liderança, além de jogar luz às desigualdades sofridos por elas no meio corporativo e dicas para chegar a posições altas e se destacar no trabalho.

Desigualdade de gênero em cargos altos

No início da história da humanidade, as mulheres ocupavam as mesmas funções sociais que os homens, já que ambos precisavam sobreviver caçar para se alimentar, realizar trabalhos domésticos e proteger tudo e todos que fossem importantes.

No entanto, após a descoberta de materiais como o ferro e o bronze, não só a divisão de tarefas mudou, como também a estrutura social.

Nesse contexto, levantado até mesmo pela filósofa Simone de Beauvoir, atividades passaram a ser "masculinas" ou "femininas". Os denominados recursos viris colocavam os homens como fundamentais para a sociedade, principalmente em relação à caça, defesa de território e construção civil.

E as atividades femininas, consequentemente, se tornaram secundárias por serem relacionadas à vida privada, e passaram a ser vistas como menos importantes - uma vez que elas não participavam ativamente da economia.

Desde então, nos registros mais antigos da literatura e dramaturgia, as mulheres eram historicamente silenciadas e impedidas de se manifestarem publicamente - sem direito a voto, espaço na política ou no mercado de trabalho.

Sem voz e independência financeira, não havia possibilidade de ascensão feminina. Culturalmente, toda essa estrutura se estabeleceu como padrão, o que muitas vezes sabota mulheres a pensarem que não são capazes o suficiente para ocupar cargos mais altos.

Segundo o estudo sobre Liderança Feminina conduzido por StartSe e Opinion Box , as principais barreiras mentais que afligem as mulheres estão ligadas ao medo de falar sobre suas conquistas, receio de falhar, lidar com estereótipos no ambiente de trabalho e não conseguir desenvolver um bom networking.

Um estudo de uma parceria entre a Bain & Company e o LinkedIn corrobora essa visão das mulheres. 22% delas compartilharam que têm menos confiança em si mesmas por terem pouca oportunidade de participação, além de menos confiança em ter sucesso em tarefas de alto nível e desafio.Imagem-PT-Mulheres-na-liderançaAo chegarem em cargos de gestão, mulheres enfrentam uma considerável desigualdade salarial. Uma pesquisa realizada da Catho de 2021 mostrou que a renda feminina em posições de liderança era inferior à masculina, com uma diferença média de 34%.

Por essas razões e outras, é fundamental que empresas se preocupem em promover o engajamento feminino e um espaço de acolhimento e equidade para elas. 

Uma gravidez e filhos, muitas vezes, são argumentos usados para deixar de fazer contratações de mulheres. Quando elas possuem jornadas duplas ou triplas, se tornam ainda mais sobrecarregadas com atividades familiares e é preciso que organizações pensem formas de amenizar essa desigualdade.

Por exemplo, investindo em licenças-maternidade, paternidade e até mesmo familiares inclusivas e igualitárias, além de espaços para aleitamento materno e outras iniciativas.

Além disso, programas de capacitação, salários igualitários, recursos voltados para a saúde mental, políticas para promover a igualdade de gênero, entre outras iniciativas, podem ajudar a promover a mudança no ambiente corporativo.

O assédio também é algo a ser vigiado pelas empresas, que devem ter canais anônimos de denúncia, estruturar campanhas educativas e determinar punições. Em 2017, o movimento #MeToo trouxe histórias de desrespeito sofridas por mulheres em seus empregos e aumentos a conscientização sobre o tema.

Mulheres no topo: 6 benefícios

A liderança feminina tem, além do ideal da diversidade e inclusão ao seu lado, dados que mostram como visões de mundo diferentes podem fazer resultados das empresas decolarem.

1. Maior resultado operacional

De acordo com um estudo da McKinsey, negócios com mais mulheres na liderança, quando comparados com a média da indústria, experimentam resultados operacionais até 48% maiores e um crescimento de 70% no faturamento.

2.Melhora nas KPIs centrais

Equipes com diversidade e forte participação feminina têm melhorias significativas de produtividade, criatividade, além de maior rentabilidade e melhora na reputação do negócio, de acordo com o relatório Women in Business, vinculado à ONU.

3. Líderes puxam líderes

A ocupação desse tipo de cargo por mulheres é também uma forma de dar mais representatividade a elas.

Líderes mulheres em posições de relevância tornam-se inspiração e referência para outras mulheres e ajudam com que acreditem que podem chegar onde quiserem. 

4. Padrões rompidos

Quando uma mulher assume uma posição de liderança, suas atitudes podem desmistificar estereótipos e comportamentos impostos socialmente às mulheres para os demais colaboradores.

Essa ruptura com o padrão cultural é capaz, inclusive, de educar os demais colaboradores.

5. Grande Adaptabilidade

Segundo o relatório Women Business Owner Spotlight do Bank of America, as mulheres têm grande aptidão para se adaptarem a mudanças, sejam elas tecnológicas ou de frameworks de trabalho.

Por isso, ainda mais diante da necessidade de transformação digital e adequação a legislações vigentes, pode ser interessante para as empresas terem mulheres na liderança.

6. Visão holística

De acordo com um estudo da Universidade Técnica de Aachen e da Universidade de Koblenz e Landau, o cérebro das mulheres não é mais multitarefa do que o dos homens - o que é um pensamento reproduzido socialmente há um bom tempo.

Na verdade, culturalmente, as mulheres tiveram mais tempo para aprender a conciliar tarefas como o cuidado com a casa, os filhos, marido, e, mais tardiamente, vida profissional, e por isso cultivaram uma habilidade de rápida mudança de foco entre tarefas.

Segundo esse estudo, ao serem capazes de analisar diversas variáveis simultaneamente e assimilar detalhes, a visão holística acaba sendo melhorada. Em cargos de liderança, essa capacidade pode oferecer mais eficiência e proximidade do time liderado.

3 dicas para alcançar a liderança e o sucesso profissional

Quase 1 em cada 3 mulheres tem clareza sobre seus objetivos de carreira, porém ainda não sabem o que precisam fazer para alcançar esses objetivos, segundo levantamento da StartSe e Opinion Box. Embora 39% tenham uma visão clara de onde querem chegar, 29% dizem ter uma visão clara, mas não sabem como chegar lá. Enquanto 32% das entrevistadas disseram que não pensam muito no planejamento de suas carreiras. 

No entanto, reconhecer a existência desses obstáculos é o primeiro passo para superá-los. Por isso, vamos a algumas dicas para mulheres acelerarem suas carreiras.

1. Encontre mulheres inspiradoras!

É fundamental se sentir inspirada para conseguir enfrentar qualquer barreira mental ou social imposta às mulheres. Encontrar exemplos de sucesso que já ocupam ou já ocuparam cargos de liderança pode ser o 'gás' que faltava. 

Ao observar pessoas famosas no seu país ou mundialmente, não deixe de procurar exemplos locais ou mais próximos como empreendedoras, líderes ou colegas de trabalho com excelentes habilidades e histórias enriquecedoras. 

2. Faça uma rede de contatos

Muitas mulheres acabam se autossabotando ou desistindo de outras conquistas por não terem uma rede de confiança para trocar ideias, aprendizados e medos.

Evidente que não é preciso só criar relações com outras mulheres, o que importa mesmo é fortalecer a sua rede de contatos para que seja diversa e formada por pessoas que ajudem você a trocar experiências.

Para reduzir os abismos da desigualdade no mercado de trabalho, é fundamental reconhecermos e acreditarmos na potencialidade feminina.

3. Planeje sua carreira

Para chegar a cargos de liderança é preciso ter a competência necessária. Ou seja, investir no desenvolvimento de habilidades - sejam elas de gestão, hard ou soft skills - e ter experiências específicas.

Assim, o planejamento é fundamental para saber onde se quer chegar e como chegar. Ao planejar seus objetivos de carreira, seja realista, mas também ambiciosa, pense os passos que precisa dar para chegar onde quer, trace objetivos e metas de curto, médio e longo prazo e direcione seus esforços para isso.

"Quando falamos em planejamento de carreiras, sentimos o reflexo de algumas barreiras mentais. O receio de falar sobre conquistas e  medo de falhar nos impedem de sonhar alto e, mais do que isso, de nos planejar para conquistar nossos sonhos. Incentivar as mulheres ao nosso redor a falar sobre os objetivos e traçar planos é um importante agente de mudanças para que possamos garanti o futuro profissional que quisermos" , Daniela Schermann, Head de Marketing, para pesquisa Liderança Feminina, de StartSe e Opinion Box

Assim, inclua a busca por conhecimento como ponto central do seu plano de carreira - através de cursos, uma constante atualização sobre o mercado e outras oportunidades de desenvolvimento profissional.

Com um planejamento bem feito - sem deixar de ser flexível - fica mais fácil encarar os desafios que possam aparecer.

Como você pode ver, a liderança feminina é fundamental não só para uma sociedade justa, mas também para um ambiente corporativo mais diverso e efetivo. Por um lado, a luta feminina por equidade de gênero tem sido reconhecida e difundida em inúmeros setores, mas ainda é necessário aumentar o diálogo sobre esse tema para que haja cada vez mais entendimento e ações que reconheçam o poder da diversidade no trabalho e para além dele.

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