Desde a colonização, em 1500, as terras brasileiras ficaram conhecidas como “um lugar em que, plantando, tudo dá”. Nesses séculos, a população mundial cresceu exponencialmente e a ciência evoluiu, demandando da natureza muito mais do que ela poderia oferecer.
Imagine um cenário onde produtores podem contar com um aplicativo para tomada de decisões mais assertivas na aplicação de fungicidas; onde seja possível acessar, em tempo real, dados sobre as condições climáticas a partir de uma estação meteorológica para uma colheita e até mesmo usar sensores para captar dados como a umidade das folhas, o pH e a condutibilidade elétrica da água.
Embora pareça algo futurista, isso já é uma realidade, viabilizada pelo apoio de governos junto com bancos privados a empresas nacionais que estão investindo em tecnologias de hardware, software e plataformas para a Internet das Coisas.
“Com os diálogos e investimentos necessários, a Internet das Coisas trará eficiência e soluções baratas para os problemas do campo ao aplicar ações simples que resolvem problemas de solo, clima, controle de pragas, pulverização, produtividade e outros”, afirma Flavio Maeda, Presidente da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas).
Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a estimativa é que até 2025 o impacto do uso das soluções nesta área alcante entre US$ 5 bilhões e US$ 21 bilhões, apoiando uma queda de até 20% no uso de insumos agrícolas e alta de até 25% na produção das fazendas.
A Internet das Coisas é baseada em sensores e outros dispositivos que coletam informações da produção e da execução de tarefas, transmitindo dados para um sistema de Big Data. Este é responsável por sistematizar as informações e encontrar padrões que indiquem soluções. Várias são as aplicações na agricultura. Um drone, por exemplo, é capaz de acompanhar o crescimento das plantas e orientar a colheita.
Drones capazes de aplicar defensivos agrícolas com mais rigor já estão sendo utilizados no Japão. Com sensores, câmeras e recursos de infravermelho, os dispositivos localizam e combatem os focos de infestação. Assim, há menos contaminação química, mais resolutividade e menor custo.
Na parte de sistemas para irrigação, por exemplo, os sensores meteorológicos podem fornecer informações sobre as previsões do tempo. Algumas soluções de IoT conseguem também fazer com que o produtor tenha acesso às informações em tempo real sobre toda a lavoura, facilitando a hora da tomada de decisão e o uso da agricultura de precisão.
Um dos obstáculos enfrentados pela Agricultura 4.0 no Brasil é a comunicação: o sinal de celular no campo. As empresas têm avançado para outros estados como Goiás e Mato Grosso, mas a tecnologia esbarra na questão da conectividade. Além da banda larga, um grande desafio são as redes de baixa frequência no campo.
A agricultura na China passa por um processo de transição acelerado, resultado do empenho do seu governo em garantir a segurança alimentar para cerca de 1,4 bilhão de habitantes. Com recursos naturais escassos, a China priorizou ciência, tecnologia e inovação para enfrentar o grande desafio do desenvolvimento sustentável das suas áreas rurais.
Com o objetivo de aumentar a inserção do produtor rural no novo mundo digital, grandes investimentos vêm sendo realizados na instalação de tecnologia 4G na zona rural, além de treinamento dos produtores rurais em tecnologias da informação, como online banking, em compra e venda de produtos em plataformas digitais.
Como resultado, a China alcançou o patamar da produção mundial, com mais de 500 milhões de toneladas de grãos e tubérculos nos últimos dez anos.
A Ericsson, a Vivo e Raízen anunciaram um acordo para desenvolver a tecnologia no setor do agronegócio, utilizando o serviço móvel de quarta geração (4G), na região de Piracicaba (SP):
“A Ericsson contribuirá com sua liderança em tecnologias móveis e plataformas de software para IoT, enquanto a Vivo levará a sua rede móvel utilizando a frequência de 450 MHz. Do outro lado, a parceria conta com a expertise e infraestrutura agrícola da Raízen e a facilitação e aplicação acadêmica das tecnologias com o apoio da EsalqTec”, diz comunicado conjunto da Vivo e Ericsson.
A tecnologia de IoT permite que dispositivos eletrônicos troquem informações pela internet, coletando dados e permitindo automatização de funções, aumentando a produtividade e reduzindo custos operacionais.