À medida que as cidades vão se adensando surgem ideias sobre como enfrentar desafios em busca de uma vida mais harmoniosa. Conforme a definição da União Europeia, Smart Cities são
"sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para fomentar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida"
A tecnologia, claro, surge como elemento catalisador desse movimento.
Com a chegada do 5G muito já se fala sobre o uso dessa faixa de rede como motor essencial para a conectividade das cidades inteligentes.
De fato, essa evolução será uma ferramenta importante para a integração das soluções inovadoras, mas dificilmente dará conta sozinha da tarefa de atender de forma eficiente não só um número gigantesco de pessoas, mas também de incluir os mais diversos perfis.
E é aí que a internet sem fio desponta como mais uma das ferramentas que podem tornar uma cidade inteligente. Talvez seja o elemento mais, digamos, simples que uma cidade consegue implementar na questão de inteligência.
De fato, são muitos pontos para conectar, mantendo a homogeneidade da plataforma em todos os cantos de uma cidade. Ou seja, uma tarefa bem desafiadora. Afinal, para que um wi-fi funcione amplamente no município é preciso um conjunto de iniciativas baseadas em três pilares: um bom link, uma boa infraestrutura e um bom software.
Um caso interessante e recente é o da Prefeitura de Barcelona, que criou uma rede eficiente de wi-fi patrocinado em mais 1.700 pontos por toda a cidade. Para uma empresa de software, que precisa contar com o hardware disponível, não é nada trivial manter a experiência em todos os lugares, sem a necessidade de fazer login de forma recorrente.
Ao longo de seis meses, foram mais de 1,2 milhões de acessos feitos por 450 mil usuários únicos, o que indica recorrência e é um ótimo sinal. Na primeira semana de junho, a média de acessos girava em torno de 7 mil por dia. Os logins foram feitos por cidadãos de mais de 50 países de todos os continentes.
Embora se imaginasse que a rede seria majoritariamente utilizada pelos turistas que visitaram Barcelona – cerca de 12 milhões em 2019 –, a prefeitura constatou que a maioria dos acessos são de munícipes, que acabam usando a rede para se engajar com as questões da vida na cidade e manifestar opiniões sobre os serviços.
A relevância do serviço de wi-fi no dia a dia das pessoas é potencializada pela dependência de acesso à internet. Ao garantir acesso ao turista, assegura a ele se comunicar, se localizar, consumir e melhorar a vivência no destino mesmo sem roaming de plano de dados.
Além disso, permite ao cidadão local ficar conectado o tempo todo, sem depender da cobertura 5G ou sobrecarregar as antenas das operadoras em outras faixas de conexão. Um problema recorrente destas empresas é ter muitos clientes simultaneamente em suas redes.
Imagine o estádio Camp Nou lotado num dia de clássico entre Barcelona e Real Madrid, com cada torcedor presente usando seu smartphone e tentando postar fotos e vídeos...
Neste caminho para desenvolver e aprimorar as chamadas cidades inteligentes é essencial entender que as redes móveis atuam de forma complementar. Apesar da altíssima velocidade e qualidade, o alcance do sinal de uma antena destas tecnologias é relativamente curto.
Equipamentos de wi-fi podem inclusive ser instalados para aumentar a capilaridade das redes das operadoras. Afinal, o wi-fi ainda é mais estável para assistir um vídeo por streaming, por exemplo.
Ao lançar mão de um wi-fi inteligente, com capacidade para armazenar e interpretar dados, a aplicação dessas informações poderia ser ainda mais inteligente. Por exemplo, câmeras com dados qualificados, que poderiam oferecer um melhor panorama sobre comportamentos, faixas etárias e lugares mais frequentados.
Entretanto, é de extrema importância debater muito cautelosamente as questões de políticas de privacidade e proteção de dados. São alguns dos próximos passos rumo às smart cities do mundo real.