Os anos se passam e, mesmo com as mulheres integradas ao mercado de trabalho, ainda existe um caminho a ser percorrido para alcançar, de fato, equidade de gênero. Do salário desigual até uma divisão de atribuições injusta, as mulheres ainda sofrem consequências, mesmo quando entregam resultados melhores ou iguais aos de homens.
Porém, nesse cenário, só lamentar não é o suficiente. É imprescindível começar a agir. E não só pela causa da Diversidade & Inclusão, mas também em termos de produtividade.
Quando lideranças corporativas constroem boas experiências para funcionárias, resultados podem chegar a serem duplicados, segundo revela uma pesquisa da Accenture de 2022.
Neste artigo, dados e orientações vão compor o contexto da luta por equidade de gênero no mercado de trabalho, além de 4 dicas para combater a 'síndrome da impostora'.
Estimular o bem-estar e motivar mulheres no meio corporativo pode trazer mais do que acolhimento - deixando impactos positivos para o crescimento dos negócios.
Líderes têm a capacidade de promover o bem-estar de colaboradores ao demonstrar interesse em suas vivências, compartilhar ensinamentos e histórias professionais. Além disso, o apoio durante a trajetória profissional é algo essencial para os sucesso das mulheres em desenvolvimento.
Segundo a pesquisa da Accenture, o potencial no trabalho pode ser medido através dos seguintes critérios: emocional, financeiro, empregatício, físico, de propósito e de pertencimento. Usando esses filtros, a pesquisa feita com quase 7 mil pessoas em 14 países chegou nos seguintes números sobre o desempenho feminino.
Entre as mulheres, cerca de 20% delas se sentem desmotivadas no ambiente de trabalho e quase 30% disse ter baixo apoio em suas carreiras. Além disso, o estudo revelou que se os líderes estiverem comprometidos com valores de uma boa gestão - como boa comunicação, diversidade e foco no cliente, por exemplo - mulheres conseguem aumentar seu potencial de trabalho em até 5 vezes.
Um outro levantamento da Opinion Box revelou que 57% das mulheres já sentiram prejudicadas em algum momento em sua trajetória profissional simplesmente por serem mulheres.
Ademais, 50% das entrevistadas acreditam que teriam tido mais oportunidades de trabalho se fossem homens; 38% dos homens concordam que teriam tido menos oportunidades se fossem mulheres; e 65% dos entrevistados no geral acham que deveria haver mais mulheres liderando as empresas.
Para o estudo da Accenture, se faz fundamental que líderes fomentem a diversidade em suas áreas para que equipes possam ser mais produtivas e engajadas. Nesse sentido, é essencial buscar as respostas para algumas perguntas a fim de conseguir dar passos na direção da equidade de gênero e de uma maior produtividade.
Além disso, no mundo do trabalho, existem outras iniciativas possíveis para impulsionar mulheres, como investir em projetos de licenças familiares inclusivas, espaços físicos para aleitamento materno, programas de capacitação, salários igualitários e transparentes, iniciativas voltadas para saúde mental entre outras.
Não só as lideranças de gestão devem assumir esse compromisso, mas também outros colaboradores podem se conscientizar sobre o seu papel para atingir uma equidade de gênero plena.
Colaboradores homens, por exemplo, podem buscar vigiar suas atitudes e perceber se interrompem com frequência colegas mulheres apenas para repetir as palavras delas e ganhar crédito com isso.
Em outras palavras, há muitas maneiras de impor a mulheres comportamentos mais aceitos em ambientes predominantemente masculinos e acabar diminuindo, assim, o alcance das ideias e projetos delas. Ao vigiar mais o próprio comportamento ao estar com mulheres no ambiente de trabalho, homens podem ajudar a extinguir paradigmas sistêmicos de opressão.
Para a psicóloga social, palestrante e escritora Amy Cuddy, não só mulheres, mas muitas pessoas no geral se sentem uma fraude e acreditam que não são boas o suficiente ou têm medo que colegas descubram que são uma farsa e não tão competentes quanto eles.
Na verdade, esse medo atinge pelo menos 2/3 dos alunos da Harvard Business School. O segredo, para Amy, está em encontrar o equilíbrio entre ser confiante, sem ser arrogante ou injusto consigo mesmo.
Veja agora 4 dicas para combater esse sentimento de autossabotagem.
Valores são o que te ajuda a permanecer firme. São como um guia para viver segundo o que é mais importante para você. Ao analisar seus valores, fica mais fácil de entender seus pontos fortes e fracos e, portanto, atuar de forma a se desenvolver e se sentir mais seguro profissionalmente.
Toda vez que você duvidar do seu potencial, se sentirá mais capaz e menos estressado ao ler ou relembrar essas qualidades positivas suas.
Agora mesmo, se você ajeitar sua postura na cadeira e criar uma imagem de imponência e segurança em sua cabeça, projetando-a no sue corpo, verá que naturalmente você passa essa imagem também.
No entanto, se você se sentar com pernas bem cruzadas, cotovelos na cintura, mãos apoiadas nas pernas e ombros arqueados, a sensação é de fragilidade e impotência, não é? Segundo Amy, essa é a postura da maior parte das mulheres em reuniões de trabalho.
Quando nos sentimos oprimidas ou incapazes, tendemos a nos curvar e ocupar o menor espaço possível em uma sala. Porém isso não é uma postura de líder, e sim uma imagem que nos faz parecer mais fracas do que somos.
Por isso, mantenha uma postura autoconfiante, porque isso também manda mensagens ao seu cérebro de que, de fato, você está se sentindo assim, ajudando a manter esse comportamento positivo.
Firmeza, cordialidade e simpatia são grandes aliados de bons negócios e reuniões de trabalho. Mas na hora se exercer essa qualidades, muitas pessoas podem e embolar e acabar expressando pouca autoridade ou liderança, mesmo que não intencionalmente.
Parecemos mais confiantes quando assumimos propriedade e fazemos declarações nos colocando como sujeitos da ação.
Seguindo o conselho de Amy, quando for dar a sua opinião no trabalho, opte por transformá-la em uma declaração ao invés de uma pergunta. Por exemplo, ao invés de "Você não acha melhor fazer esse relatório do outro jeito?", use "Eu proponho que a gente faça esse relatório do outro jeito", e claro, argumente de forma objetiva e pertinente.
Praticar vai te levar a guardar menos tensão na hora de apresentações. Quando praticamos nossa postura, forma de falar e pensamos jeitos de transparecer nossos valores, somos mais assertivos e consistentes em nossos posicionamentos naturalmente.
Para isso, vale tudo: treinar na frente do espelho, no banho ou mentalmente enquanto faz um exercício físico vão ajudar você a evitar situações de gatilhos mentais que podem te levar a pensar que está fracassando em alguma colocação.
Quando estamos mais 'ensaiados' e sabemos a imagem que queremos passar, conseguimos não nos afetarmos tanto por fatores externos e conseguimos, até mesmo, responder a perguntas difíceis com mais tranquilidade - mesmo que a resposta não esteja na ponta da língua ou acrescente um to-do à sua lista de tarefas.
O mais importante para evitar a síndrome da impostora não é saber absolutamente tudo sobre um assunto, mas sim dar o seu melhor e reconhecer que o seu comportamento pode ajudar a passar uma mensagem mais segura para seus líderes e pares que estão em um processo de aprendizado tanto quanto você.