Quando se fala em transformação digital, já se pensa em Indústria 4.0, projetos complexos, alto investimento e tecnologias sofisticadas. E todas essas tarefas acabam, muitas vezes, por paralisar gestores experientes e grandes líderes, impedindo o mais importante dentro da jornada de transformação digital: dar o primeiro passo.
A convite da Zoox e do MIT Technology Review Brasil, 6 grandes executivos do mercado participaram da Live 'Estratégia, receita e Inovação: o poder dos dados para as organizações' e trouxeram visões interessantes para quem quer ser o motor da mudança data-driven na sua carreira e/ou empresa.
A capacidade de antever mudanças de rota substanciais nos negócios e a necessidade de arriscar de forma segura, baseando-se em dados, são habilidades cada vez mais exigidas de C-Levels nos mais diversos segmentos. E essa transformações, muito impulsionadas pela sociedade, sempre aconteceram, mas estão se tornando mais frequentes.
"Vivemos a virada do século XIX pro século XX com uma transformação tecnológica muito grande associada aos meios de produção e, agora, do XX para o XXI, a tecnologia da informação tem mudado nossas empresas e nossa forma de pensar", afirmou André Miceli, CEO e editor-chefe MIT Technology Review Brasil.
A transformação digital deve ser encarada sim como algo tecnológico, mas que passa muito por uma cultura empresarial data-driven forte. Afinal, quem promove a transformação são as pessoas. A ideia, na verdade, é que o mindset de lideranças e liderados torne-se mais orientado a dados e que os processos das empresas tornem-se mais simples ao terem o apoio de tecnologias de ponta.
"Eu diria que, hoje, a Maxpar Autoglass é mais uma empresa de tecnologia do que uma empresa de automóveis. Temos uma parte de analytics super forte por trás, justamente para apresentar o preço certo e encontrar as oportunidades. Sempre tivemos dados, mas o maior desafio é organizá-los para encontrar as oportunidades", sustentou Lyssia Chieppe, Superintendente Comercial da Maxpar/Autoglass - Brasil
Enquanto Chieppe traz uma visão mais focada no mercado de Seguros, que é a a sua especialidade, também é possível destacar a importância do uso da inteligência de dados para mercados como o do Varejo. O líder da estratégia omnichannel de uma grande rede de shoppings centers revela que é essencial ter uma visão global do negócio que não deixe nenhum dos clientes de fora - sejam eles consumidores finais ou lojistas.
"Queremos ter a visão centrada no consumidor, mas também dentro da estratégia dos lojistas. O papel das lojas físicas é gigantesco, seja na logística, na experiência ou na retirada. É fundamental compreender todo esse ecossistema do varejo para virmos com soluções que agreguem", destacou Renato Floh, CDO da Aliansce Sonae Shopping Centers.
E nesse caminho para não deixar ninguém desprestigiado na estratégia da empresa, é preciso segmentar, personalizar a comunicação e os produtos, de forma que atenda aos diferentes nichos de clientes.
"Há 3 pilares muito importantes: entender - com esse volume enorme de dados, como eu entendo meu cliente? - depois, customizar a experiência, e, por fim, a automatização disso tudo. Ficar só no mundo analítico não adianta. É preciso fazer os insights fluírem para as tomadas de decisão" concluiu Beatrix Aiex, Diretora de Business Analytics do Nubank
Uma pesquisa realizada pela CI&T, em parceria com o Opinion Box, com 200 profissionais de liderança no Brasil, concluiu que, na visão dos gestores respondentes, o principal desafio para consolidar processos mais conectados e digitais nas empresas é a cultura organizacional (75%), depois a adesão de tecnologias (67%) e, por último, o modelo de negócio (38%).
Ou seja, para ter bots guiados por inteligência artificial na comunicação com o cliente, big data para mídia programática, automação de processos de marketing, logística e outros, além de sempre entender as nuances da audiência por meio de machine learning, é fundamental começar a captura e organização do dados, para então compreender melhor o cliente.
"Do CEO ao estagiário, a empresa precisa estar comprada com a ideia de ser data-driven. Os dados são os ingredientes e os modelos são a receita, então quanto melhores os ingredientes, melhores vão ser as receitas, e portanto, a satisfação do seu cliente", definiu Rafael de Albuquerque, Fundador e CEO da Zoox Smart Data.
Logo, estimular a mudança de mindset é a chave para a transformação digital. Só assim será possível aproveitar e conquistar a melhora no desempenho da empresa, além de otimizar processos e ver resultados financeiros na empresa.
E em termos de investimento em tecnologias, a conversa com os líderes deixou claro que a vantagem competitiva está em poder arriscar com a segurança de data analytics.
Através de dados inteligentes, é possível escanear o seu modelo de negócio e corrigir falhas mais rapidamente, assim como impulsionar times e inciativas que estão gerando mais retorno e também acelerar tomadas de decisão arriscadas, mas certeiras, em um mundo com mudanças repentinas no comportamento do consumidor e novas soluções a todo momento no mercado.
Esse investimento, no entanto, precisa vir acompanhado de um cuidado especial com a privacidade e a proteção de dados, não só devido a uma determinação da lei, mas por agregar valor ao produto e melhorar o relacionamento com o cliente.
"A LGPD é uma grande agente de fortalecimento de relações. Ela não diz que você pode ou não fazer algo. Ela diz que você pode fazer desde que o titular do dado esteja de acordo, tenha clareza daquilo, ou que o uso tenha uma finalidade que faça sentido. O mais importante nisso é estudar o seu modelo de negócio e a lei para entender os ajustes necessários. Não fuja da LGPD. Coloque o seu time mais criativo para pensar em soluções", aconselhou Rachel Bonel, Superintendente Executiva de Dados, Privacidade e Planejamento Comercial na Icatu Seguros.
A transformação digital, é, portanto, em grande parte, uma resposta aos novos comportamentos dos consumidores - que estão cada dia mais conectados e exigentes. E inovar através de uma transformação digital responsável, ética, de ponta e com um time comprado, foi apontado como o melhor caminho possível pelos executivos.
Há várias formas de começar. E não é atualizando as redes sociais ou construindo um app. Na verdade, segundo a McKinsey, é possível considerar um primeiro passo na transformação digital quando uma empresa aciona um desses gatilhos:
Desta forma, a tecnologia passa a ser mais do que uma necessidade, ou uma pressão do mercado, mas ela começa a trabalhar para acompanhar o movimento de quem mais importa para a sua empresa: o cliente.
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