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Mulheres na tecnologia: desafios e conquistas de carreira

EXPERIÊNCIA
Yasmim RestumYasmim Restum - 18 de Março de 2022.

Apesar das transformações sociais, alguns setores da economia ainda carregam fortes desigualdades de gênero. A área de tecnologia é um exemplo, sendo sempre utilizada para mostrar essas disparidades. 

No entanto, mesmo com uma predominância masculina, o cenário já está sofrendo alterações. Segundo a pesquisa focada em liderança em tecnologia realizada por KPMG e Harvey Nash, a participação de mulheres em posições seniores no setor na América Latina está atualmente em 16%.

Esse percentual é significativamente maior do que os 4% de representatividade feminina nestas funções em países como o Reino Unido, e superior à média global de 11%. É um dado a ser comemorado? Sim, mas 16% ainda é pouco quando comparado à população feminina latino-americana, na qual elas representam metade.

As previsões são de maior equidade para o futuro no geral: mulheres devem ultrapassar os homens em termos de representatividade na força de trabalho no Brasil, na próxima década, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas, para garantir que exista uma proporção razoável em níveis de liderança, C-Level, ainda existe um caminho a ser percorrido.

Neste artigo, vamos falar sobre as origens dessas desigualdades, as mudanças nesse cenário e conquistas femininas na indústria da tecnologia.

Vamos lá?

Origens da baixa representatividade feminina na tecnologia

Segundo a pesquisa Unlocking The Power of Women in Technology (UPWIT), mais de 50% das mulheres que trabalham com informática já sofreram alguma discriminação. Mas de onde vem a pouca representatividade feminina nessa área e a dificuldade cultural da sociedade abrir espaço para mulheres na tecnologia?

Como, desde cedo, há uma divisão, considerada natural por muitos, que reforça estereótipos de gênero instituídos historicamente, meninas acabam se ocupando com tarefas e interesses relacionados à esfera privada.

Essa determinação influencia diretamente o desenvolvimento de habilidades ao longo da infância, conforme pesquisa de doutorado da socióloga Bárbara Castro sobre a presença feminina em TI. Por isso, não é comum ver meninas, desde cedo, se interessando por áreas tecnológicas ou de exatas.

E, consequentemente, esses problemas estruturais fazem com que mulheres quase não sejam vistas em posições seniores na tecnologia. Segundo um levantamento global do Centro de Inovação para Talentos, entre as pessoas que ingressam em carreiras STEM (relacionadas à ciência, engenharia, matemática e tecnologia), mulheres têm 45% mais probabilidade de abandonar do que homens.

Recentemente, o aumento de mulheres nas áreas de tecnologia e principalmente em posições de liderança é devido a programas específicos de incentivo criados por projetos e startups sociais, segundo a pesquisa da KPMG e Harvey Nash.

Além disso, esse estudo, que reuniu quase 5 mil líderes globais, também atribuiu essa crescente integração feminina nos cargos de liderança ao aumento de negócios STEM e à pouca quantidade de profissionais, no geral, qualificados, o que possibilitou que profissionais mulheres ganhassem espaço para mostrar seu trabalho.

Mas para além do ideal de inclusão, a diversidade em equipes de tech traz benefícios? O estudo demonstra que sim. Um total de 2/3 dos executivos respondentes afirmaram que equipes de tecnologia que fogem no estereótipo 'homens brancos, cis, de classe média' tiveram não só um aumento da confiança e da colaboração entre os pares, mas também desenvolveram ainda mais expertises que as empresas precisavam, como criatividade.

Quanto mais diversidade, quanto mais mulheres forem envolvidas em decisões estratégicas e operacionais, forem contratadas e reconhecidas em vários espaços de pirâmides organizacionais e estiverem em número significativo em um ambiente de trabalho, mais estes preconceitos tidos como sutis e muitas vezes inconscientes vão perdendo força e fortalecendo políticas de equidade de gênero.

Mulheres e tech: tudo a ver!

Além de falar de uma perspectiva histórica e mostrar os principais desafios, se faz necessário jogar luz à algumas mulheres que já fizeram muito pela tecnologia e suas contribuições são utilizadas até hoje.

Apesar de muitas não serem famigeradamente conhecidas, aqui nós fazemos questão de exaltá-las para fazer com que meninas e mulheres se sintam motivadas e confiantes a explorar o universo da tecnologia e da programação.

Conheça agora 5 mulheres que deixaram suas marcas na história da tecnologia. A lista completa você encontra no site PrograMaria.

1. Ada Lovalace (1815 - 1852)

Apaixonada por matemática e programação, ela já descrevia operações lógicas de máquinas muito antes de existir um computador. Filha de Lord Byron e nascida em uma sociedade patriarcal, ela não pode frequentar a universidade, mas trocava cartas com Charles Babbage, idealizador da Máquina Analítica, e chegou a publicar artigos com suas iniciais.

2. Dorothy Johnson Vaughan

Dorothy foi a primeira afro-americana a chefiar uma seção da NASA e sua história chegou até a virar filme. Ela é uma das protagonistas de 'Estrelas Além do Tempo'. Formada em Matemática e especializada em computação, ela dominava computação eletrônica, programação e o processo operacional da primeira máquina IBM usada pelo órgão governamental dos Estados Unidos.

3. Margaret Hamilton

Hoje com 85 anos, a americana cientista da computação desenvolveu o programa de voo usado no projeto Apollo 11, a primeira missão tripulada à Lua. O projeto da diretora da Divisão de Software no Laboratório de Instrumentação do MIT impediu que o pouso na Lua fosse abortado.

4. Susan Kare

A designer influenciou toda a iconografia da computação. Ela trabalhou na Apple e é a criadora dos ícones de salvar (no formato de disquete), lixeira, alerta, relógio e paint (balde de tinta) entre outros que são usados até hoje. E não para por aí: ela também foi responsável por projetar a primeira fonte para o meio digital, pensada para ser tão legível quanto as letras de um livro.

5. Clarisse Sieckenius de Souza

A brasileira é cientista da computação, pesquisadora na área de interação humano-computador (IHC) e criadora da a teoria da engenharia semiótica. Apaixonada pelas características das linguagens empregadas no desenvolvimento e uso de sistemas de software, Clarisse chegou a ser reconhecida, em 2014, como uma das 54 mulheres de todos os tempos que se destacam pela atuação em pesquisa na área de Ciência da Computação.

Depois de conhecer mais sobre essas estrelas da tecnologia, é natural ficar inspirado.

Mesmo sabendo que nem toda mulher terá aptidão para tecnologias, a transformação digital é um caminho sem volta para a sociedade e para as empresas que querem crescer e se adaptar aos novos meios de consumo. É justamente nesse momento que há muitas transições de carreira, definições de novas expertises e oportunidades para novas descobertas profissionais.

Por isso, encoraje mulheres a acreditarem em suas carreiras no mundo digital e no âmbito tecnológico. Mulheres são, mais do que parceiras na transformação digital, essenciais para que uma empresa cresça e não fique para trás.

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