Como aeroportos estão digitalizando seus processos para dar mais conforto aos clientes?
No artigo “Big Data vs Big Congestion: using information to improve transport”, Carl-Stefan Neumann, o diretor da McKinsey, destaca que somente na Europa os congestionamentos custam o equivalente a 1% do PIB. Já nos Estados Unidos, os atrasos de voo geram, sozinhos, custos de US$ 6 bilhões para a economia. Nesse contexto, tecnologias automatizadas podem ser a solução para diminuir custos.
A Amadeus, empresa de soluções para viagens, conversou com executivos de mais de 15 grandes aeroportos espalhados pelo planeta para entender quais as prioridades tecnológicas que estão sendo adotadas por eles para evitar esses problemas.
De acordo com a pesquisa, big data, analytics e armazenamento em nuvem são as principais novidades. Outras tecnologias que passaram a ser vistas com mais frequência incluem inteligência artificial (AI), realidade virtual, simulações e internet of things (IOT). Entre 38% e 50% dos entrevistados disseram que testaram ou implementaram tais soluções digitais nos últimos anos.
Considerando a expectativa de que o número global de passageiros duplique nos próximos 20 anos, os aeroportos enfrentam uma pressão crescente para se adaptarem ao novo ambiente. O uso de novas tecnologias para otimizar o monitoramento do fluxo de passageiros pode ser a solução.
Transformação Digital moderniza e flexibiliza aeroportos
Há três grupos de tecnologias em que os aeroportos podem investir para automatizar processos:
- Tecnologias facilitadoras, como big data e tecnologia na nuvem.
- Integração e automatização de processos, como a Internet das Coisas(IoT), e tecnologias mobile.
- Tecnologias emergentes, como modelagem virtual e blockchain.
As soluções baseadas em IoT funcionam especialmente onde há o desejo de aumentar a automação de processos. Os aeroportos podem se beneficiar de informações em tempo real sobre a localização e o desempenho dos seus aviões ativos, incluindo possíveis necessidades de manutenção.
Sobre o crescente aumento do número de passageiros, o presidente da empresa aérea Gol, Paulo Kakinoff, afirma que os meios digitais podem ajudar a Gol a colocar cada vez mais pessoas nos aviões da companhia:
“Hoje, usamos uma aeronave 13 horas por dia. Trata-se da aplicação intensiva do digital para monitorar o fluxo e estabelecer sistema de embarques, processando milhões de dados. É o digital convertido em eficiência e produtividade. Ao conseguirmos utilizar a aeronave por uma hora a mais, todos os dias, temos um corte de custo imenso trazido pelos fluxos mais eficientes (de passageiros).”
Segundo ele, o Big Data traz informações relevantes para a experiência do cliente e na briga contra a concorrência:
“Se eu souber, por exemplo, que determinada pessoa tira três semanas de férias por ano, geralmente em dezembro e em fevereiro, e que ela sempre viaja para a Bahia, eu vou poder mandar uma oferta que vai caber no bolso. A chance de eu ser mais atraente do que o meu concorrente é grande.
Entretanto, há uma série de barreiras ao investimento digital. Falta de clareza estratégica para a transformação digital, a falta de colaboração entre aeroportos e companhias aéreas, e os problemas que podem surgir por pessoas que não estão familiarizadas com o uso de ferramentas digitais.
CASES REAIS DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA AEROPORTOS
1- Indra
A Indra e o Aeroporto Internacional de Atenas demonstraram que o uso do Big Data pode aumentar, através da análise do comportamento dos passageiros, o volume de compras que estes realizam antes do seu embarque e, consequentemente, aumentar as receitas do aeroporto.
Trata-se de um projeto de 18,6 milhões de euros liderado pela Indra, no qual participam 49 parceiros, e é financiado pela Comissão Europeia através do programa Horizonte 2020, tendo como objetivo melhorar a logística e o transporte em todo o continente com a ajuda do Big Data.
Com estes dados, os estabelecimentos comerciais podem ver o perfil dos passageiros que vão receber para lhes proporcionar produtos e serviços mais atraentes. Conhecer as características básicas do passageiro, tais como género, idade, destino ou saber quando é que vai fazer o check-in e o tempo que vai passar no terminal são informações de grande valor para uma estratégia comercial.
2- Aeroporto Galeão
Através da rede Wi-Fi grátis para milhões de passageiros fornecida pela Zoox Smart Data, as autoridades do Galeão puderam compreender melhor os padrões de movimentos de pessoas dentro dos terminais.
Além de fornecer o acesso eficiente de internet, a Zoox foi requisitada para colaborar em alguns desafios operacionais:
- Integrar infraestrutura existente.
- Usar Wi-Fi para entender os movimentos de pessoas e comportamentos dentro dos terminais, com o objetivo de ajudar a melhorar o fluxo de passageiros.
- Interconectar o Wi-Fi do aeroporto com outros hotspots de internet público dentro da cidade, tais como hotéis, transportes e centros de interesses através de roaming.
- Criar uma nova fonte de receita através de publicidade online.
- Posicionar o aeroporto como o melhor hotspot de aeroporto do Brasil.
- Criar e enriquecer Big Data para a Autoridades Aeroportuária.
Alguns resultados alcançados foram:
- 3 milhões de usuários individuais e perfis de clientes no primeiro ano.
- 15 campanhas publicitárias por ano.
- Melhoria da eficiência operacional por redesenho da distribuição de mão-de-obra e turnos dos colaboradores, com base na funcionalidade mapa de calor da Zoox e da análise de dados.
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