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Aprenda como máquina: reconheça padrões para aprender melhor e mais rápido

Data Science & Analytics
Douglas Batista, Desenvolvedor na Zoox Smart DataDouglas Batista, Desenvolvedor na Zoox Smart Data - 13 de Janeiro de 2023.

Reconhecemos padrões o tempo todo. E não, não estou falando apenas como Desenvolvedor. Qualquer pessoa inserida em uma cultura, sociedade, idioma, em um grupo social, econômico e em tantas outras esferas - vai reconhecer alguns padrões para sobreviver, se relacionar e tomar decisões - independente de ter ou não acesso a recursos digitais.

Essa inteligência de reconhecimento de padrões é o que ensinamos a tecnologias como a Inteligência Artificial - treinada para isso. É fácil entender com exemplos como o seu filtro de spam do e-mail ou modelos preditivos de negócio para grandes empresas identificarem oscilações no mercado.

Porém, há desafios que são mais complexos e bagunçam nosso raciocínio. Alguns são até computacionalmente mais difíceis para a Inteligência Artificial também. Mas eu volto a afirmar: todos nós temos a capacidade de reconhecer padrões e basta apenas um olhar diferente, mais atento e um pouco de treino para se tornar um grande decifrador de padrões e tornar a sua vida mais fácil.

Agora, se você acha que esse tipo de inteligência não é para você ou que vai ser muito complicado de desenvolver, vou te contar uma curiosidade sobre mim: antes de ser desenvolvedor, eu lecionava Língua Portuguesa para adolescentes.

E apesar de isso não possuir uma ligação direta com "aprender a programar", a minha percepção de padrões que trouxe do Português me ajudou - e muito - a aprender e adquirir conhecimento na minha nova área de atuação.

Por isso, espero que, ao final deste artigo, você desperte a compreensão sobre padrões e possa otimizar a sua jornada de crescimento - e da sua empresa - com mais agilidade e precisão.

Por que sentimos dificuldade em alguns fluxos de aprendizado?

Apesar de ainda não ter deixado claro o que é esse padrão, é necessário investigarmos aqui um dos motivos de termos dificuldades em alguns fluxos de aprendizagem.

Os conhecimentos novos exigem novas sinapses em nosso cérebros, e isso nada mais é do que conhecer novidades e comparar isso com experiências e conceitos antigos, já cristalizados, em nossa mente.

Nosso processo de aprendizado é um pensamento dialético: nada mais do que “Tese + Antítese = Síntese“.  De modo a criar novas competências e habilidades a partir de uma nova “vivência” do material armazenado. Ou seja, a partir da análise dos padrões, das suas sinapses é que o cérebro cria coisas novas - sejam elas imagens, formas de pensar, percepções ou conceitos.

Ao longo da vida, nós também podemos acabar por desenvolver mais algum tipo de inteligência e talvez seja interessante tentar desvendar quais são as suas para, então, saber quais você deve aprimorar. 

Afinal, o que é esse padrão?

Indo agora para as definições às quais somos tão apegados. Oficialmente, a definição de padrão pode ser entendida como:

base de comparação consagrada como modelo por consenso geral

Mas para não deixar uma definição solta, te convido a pensar sobre algumas perguntas:

  • Como você escova os dentes todos os dias 
  • Como você se enxuga após o banho?
  • Já reparou que, com determinadas pessoas, fazemos o mesmo tipo de brincadeira, ou até a mesma brincadeira repetidas vezes?
  • Já percebeu que, para ficar bom em algo, é preciso muita repetição?

Essas perguntas foram apenas para fazer você refletir e entender que a aprendizagem sobre algo consiste em criar um padrão. Após consolidarmos um conhecimento em nossa mente, voltamos apenas a executar um padrão quando nos deparamos com um contexto similar, um desafio parecido ou uma pessoa.

Quando pensamos por esse lado, pode surgir um desconforto: "Será que eu sou tão robótico assim?" ou "Se repito padrões, como vou melhorar um aspecto X ou Y do meu conhecimento?". Não se preocupe. Da mesma forma que criamos uma padrão simples como a nossa forma de escovar os dentes, também criamos padrões de raciocínio lógico. A resposta para essa breve angústia que você pode estar sentindo está na última pergunta da lista acima.

A repetição é o que fundamenta padrões em nossa mente. E, felizmente, somos capazes de aprender novos padrões. Assim como um novo hábito, é preciso treino e disposição para ensinar a sua massa cinzenta dentro da cabeça. 

Como usar esse conhecimento para aprender melhor

Como já vimos, o aprendizado consiste na comparação da nova atividade com um padrão (uma sinapse) já existente em sua mente. Desse modo, se, no momento de aprendizado, identificarmos padrões de repetições de uma determinada atividade, cada passo vai acelerar o engajamento do anterior, pois você, conscientemente, já criou aquela estrutura em sua mente e ela impulsionará as próximas.

Na lógica de programação, por exemplo, a primeira coisa que faço quando pego um projeto para estudar é reparar em como os programadores arquitetaram. Olho como as funções foram criadas: se são arrow functions, se são funções chamadas em uma constante, ou até em estrutura de classes.

Só isso já me proporciona entender o raciocínio geral de como a aplicação se “movimenta”. Até esse ponto, já identifiquei “como os programadores arrumaram os cômodos da casa e a mobília.”

Depois, identifico como são feitas as manipulações dos objetos. Assim, quando algo novo surgir, vou poder fazer inferências sobre todo o resto e entender se aquilo se parece com outro elemento. Caso positivo, poderei manipular de modo parecido.

No meu processo de "aprender a programar", uma ótima forma de adquirir conhecimento foi perceber o passo a passo do raciocínio de outros desenvolvedores. Eu perguntava sobre as tarefas e conversava com profissionais com mais conhecimento do que eu para melhorar o meu aprendizado.

E por onde começavam?

  • Já saiam debugando a aplicação?
  • Buscavam entender minuciosamente as regras de negócio da minha tarefa?
  • Começavam o raciocínio olhando para onde?
  • O foco era apenas o problema ou eles queriam entender a origem de tudo para depois olhar o problema?

Saindo um pouco do universo da lógica de programação, o que eu quero demonstrar com esse exemplo é como o aprendizado de novas formas de raciocínio - novos padrões - pode facilitar o seu dia a dia.

Quando comecei a exercitar o meu raciocínio com perguntas sobre essas metodologias, passei a encontrar atalhos no meu processo de aprendizado. Como se estivesse aprendendo com o erro ou o caminho que os outros percorreram.

Uma inteligência aplicável para além da programação

Pasmem ou não, também já trabalhei com construção civil. E lá também consegui aplicar o conceito do reconhecimento de padrões do mesmo modo. Percebi como os profissionais repetiam as tarefas, gravei os padrões e consegui aplicá-los na hora de assentar cerâmica, reboco em paredes, e outras tarefas do gênero.

Já fiz de tudo um pouco e, nesse sentido, aplicava o reconhecimento de padrões.

Quando trabalhei como taxista, precisava entender o padrão dos chamados em cada horário e região, a fim de criar um rota diária que me proporcionasse boas corridas, com o mínimo de engarrafamento possível. Era preciso identificar o comportamento do cliente, se estava tenso, se existia algum volume na cintura, se estava sozinho.

Como DJ de festas, era importante identificar padrões do público também, pois, o estilo de música, a velocidade, a ordem e tudo mais dependeria diretamente da sinergia dos convidados. Eu observava os detalhes e entendi que, nesse escopo de coletivo, nos comportamos com determinados padrões, o que acabava deixando o trabalho bem mais fácil.

Já na área de programação , apliquei este “macete” identificando quais eram os arquivos que recebiam os endpoints, como eles chamavam os referentes serviços; Quais eram os tipos de loops mais usados, entre outros padrões. Porém, em 6 meses estudando projetos, comecei a fazer códigos muito viciados, usando .map() em quase tudo quanto era loop, mesmo não sendo o mais apropriado.

Afinal, era daquele jeito que eu havia aprendido. Assim, me deparei com um dos meus maiores desafios da época: o uso da estrutura de classe para executar ações. E, aos poucos, fui consolidando esse conhecimento e raciocínio com as assimilações dos padrões.

Daí a importância da aprendizagem contínua de novos padrões. Evidente que, na programação, padrões se repetem bastante e são muito bem-vindos - uma vez que um código padronizado é muito mais simples de se entender e ser aproveitado para alavancar a curva de aprendizado. Mas em qualquer área do conhecimento - eu garanto - vão surgir novas e melhores formas de executar uma tarefa ou de tomar uma decisão.

Então, como posso começar a reconhecer padrões?

Apesar de parecer um conceito complicado, o reconhecimento de padrões é inerente a nós, seres humanos. Nós aprendemos imitando. Desse modo, compreenda que, assim como todo novo hábito, inicialmente podemos apenas forçar esse tipo de raciocínio ou comportamento. Logo, ele virará um hábito e estaremos fazendo isso inconscientemente.

É sempre muito interessante encontrar atalhos, técnicas para o aprendizado, e, particularmente, isso me ajudou bastante em toda minha trajetória. Desde a universidade até os aprendizados atuais.

Mas, lembre-se, a maior recompensa de treinar esse tipo de inteligência para reconhecer padrões não está em  treinar e aprender um ou dois padrões e pronto. A vantagem reside em ser capaz de reconhecê-los mais rápido e já ter a mente acostumada a receber novos estímulos de conhecimento.

Executivos e profissionais do futuro (ou do presente, eu diria)  devem exercitar essa capacidade, bem como ponderou a Forbes na lista das 10 habilidades de carreira mais importantes na próxima década. Entre as competências, veja só, estão: Pensamento Crítico, Flexibilidade e Curiosidade e Aprendizado Contínuo.

Na verdade, "aprender como máquina" vai além de "imitar o raciocínio de um computador", é simplesmente explorar melhor o potencial do nosso próprio raciocínio. Por isso, esteja aberto a mudanças, não pare de estudar e mantenha o olhar atento para reconhecer os padrões e se destacar não só como profissional, mas também como empresa diante da concorrência e dos desafios do mercado.

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